Na
viela
No
fundo da rua, daquela rua estreita… Onde os pés e pernas se alinham… Existe uma
viela, nua, só e atraente.
Tantas
vezes de mãos na parede e joelhos no chão, fugia da violação num encontro
modelo.
Sempre
nos encontrávamos ali e rebolávamos pelos sonhos que já levávamos de casa.
Amava
sentir-me de olhos vendados… Rimos tantas vezes, as cócegas cegas de tactos
loucos e perdidos em nossos corpos.
Na
viela…
Guardo
como quem guarda um retrato, desenhos com formas de amor que ainda perpetuam os
meus neurónios… A presença de ti como modelo… Bela.
Na
viela…
Nas
rugas daquela parede velha, injectava as vontades de um artista sequioso…
Pintava-te com cada dedo… Línguas sobre a tela… A arte de uma deusa, vestida de
viela… Nua.
Contamos
histórias, representamos, escrevemos naquele chão, tantas vezes de joelhos
sentimos a terra… Quantos traços se desenharam pelos corpos roliços… Provocações
que guardo no meu íntimo.
No
fundo da rua, ainda hoje desfruto o espectáculo vivido intensamente, tão
completamente que somente me limito a amar aquela viela… Nua e húmida… Ainda
húmida de vontade…
José
Alberto Sá
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