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terça-feira, 22 de abril de 2014

Silêncio da carne

Silêncio da carne

Tocar na carne pelas palavras…
É tão fácil dizer que amo, que me esqueço…
Que amar se faz perto ou longe… Muito longe… Na distância entre dizer e ser
Escrevo o que sinto por entre palavras, que deliciosamente enfeito…
Realizo um labirinto entre o medo, a indecisão e a vontade de ter, a fuga do corpo que se esconde da vontade… Vontade da carne

… O silêncio da carne, que conto de ti

E conto por palavras… Porque em palavras é fácil demais te amar… Mas… Esse mas que teima em se deter perante a visão.
Olhos que desejam amar, sem palavras… A verdadeira forma de se sentir a beleza oculta.
Um escondido dedilhar de êxtases, perfumados pela sensação de que tenho tudo, quando nada tenho, na vontade da carne.

… O silêncio da carne, que desejo provar de ti

E provo por palavras… Que nada sei, que tudo é doce ou amargo, esse mel que amo e por vezes não vejo o frasco que o contém.
Até a boca se sacia da humidade verdadeira, numa saliva contida na língua que ama… Não pela fome das palavras humedecidas pelo sentir… Somente o sentir vazio, a falta de carne…
Quem ama, ama num todo.

… O silêncio da carne, que sonha tudo de ti

E vivo do sonho… Intensamente vivo a realidade… Vivo… Amo…
Sonho para caminhar até que a verdade se converta em carne…
A carne que sente e ama… A carne que me segura aos olhos da satisfação.
Deixo aqui o meu amor, para que entendam que nada sou por palavras… Somente serei quando morrer…
Morrerei feliz um dia… Pois levo um corpo amado, que amou e vos deixa palavras que me definem perfeitamente…
O que quero, o que sou, o que levo e o que dou.

… O silêncio da carne, que ama tudo de ti

Amar não o serei somente em palavras, sou carne que sente cada folha que rabisco… E tu sabes bem do que falo… Porque sempre soubeste rabiscar comigo…
Poesia porque eu sou e tu és poema, quando me dás amor…
Ondulas, voas e me deixas sem palavras…
O amor é carne… Sem carne, sou nada… Nem a palavra eu sou…


José Alberto Sá

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