Silêncio
da carne
Tocar
na carne pelas palavras…
É
tão fácil dizer que amo, que me esqueço…
Que
amar se faz perto ou longe… Muito longe… Na distância entre dizer e ser
Escrevo
o que sinto por entre palavras, que deliciosamente enfeito…
Realizo
um labirinto entre o medo, a indecisão e a vontade de ter, a fuga do corpo que
se esconde da vontade… Vontade da carne
…
O silêncio da carne, que conto de ti
E
conto por palavras… Porque em palavras é fácil demais te amar… Mas… Esse mas
que teima em se deter perante a visão.
Olhos
que desejam amar, sem palavras… A verdadeira forma de se sentir a beleza
oculta.
Um
escondido dedilhar de êxtases, perfumados pela sensação de que tenho tudo,
quando nada tenho, na vontade da carne.
…
O silêncio da carne, que desejo provar de ti
E
provo por palavras… Que nada sei, que tudo é doce ou amargo, esse mel que amo e
por vezes não vejo o frasco que o contém.
Até
a boca se sacia da humidade verdadeira, numa saliva contida na língua que ama…
Não pela fome das palavras humedecidas pelo sentir… Somente o sentir vazio, a
falta de carne…
Quem
ama, ama num todo.
…
O silêncio da carne, que sonha tudo de ti
E
vivo do sonho… Intensamente vivo a realidade… Vivo… Amo…
Sonho
para caminhar até que a verdade se converta em carne…
A
carne que sente e ama… A carne que me segura aos olhos da satisfação.
Deixo
aqui o meu amor, para que entendam que nada sou por palavras… Somente serei
quando morrer…
Morrerei
feliz um dia… Pois levo um corpo amado, que amou e vos deixa palavras que me
definem perfeitamente…
O
que quero, o que sou, o que levo e o que dou.
…
O silêncio da carne, que ama tudo de ti
Amar
não o serei somente em palavras, sou carne que sente cada folha que rabisco… E
tu sabes bem do que falo… Porque sempre soubeste rabiscar comigo…
Poesia
porque eu sou e tu és poema, quando me dás amor…
Ondulas,
voas e me deixas sem palavras…
O
amor é carne… Sem carne, sou nada… Nem a palavra eu sou…
José
Alberto Sá
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