Porque
te vejo assim? Meu amigo!
Carrancudo…
Cabelos eriçados, olhos remelentos… Assim te vejo neste dia.
Olá…
Amigo…
E
as tuas calças rompidas que se misturam com as nódoas da camisa… Assim sinto
este dia…
Olá…
Amigo…
E
não adianta fugir, sinto nos teus pés descalços a passagem entre a dor e a
lama… És tu hoje, no meu olhar
Só
caprichaste na orelha, colocaste um brinco novo… Que hoje realça o teu sorriso…
Quase fiquei feliz… És rebelde…
Porque
te vejo assim? Meu amigo!
Assim
nessa tua voz rouca… Por onde o álcool se faz notar por entre os olhos
vermelhos… E a droga se cheira no ar que não quero sentir…
Olá…
Poeta…
Sou
sim… Um rebelde carrancudo… Que acorda triste... Sem amor.
Sou
sim… O rapaz de cabelos eriçados… Que acorda sem ter banho… Sempre sem amor
Sou
sim… O olhar pobre remelento, de um frio sem vontade… E sem amor.
Sou
sim… O despido e rasgado pedinte desta desilusão… A vida sem amor.
Sou
sim… A nódoa da minha cidade, a nódoa arremessada, pelos que não sabem, o que é
ter pés descalços… E viver sem amor.
Sou
sim… A lama que nunca quis pisar, que nunca pedi para calçar… olha-me? Vez em
mim algum amor?
Sou
sim… O brilho que trago na orelha, a única lembrança que me resta de minha mãe…
O meu pai nem sei… Talvez tenha sido o que herdei…
Hoje
coloquei o brinco que o amor me deixou… Hoje este carrancudo se vestiu de brio…
Minha mãe… O amor e a saudade…
Poeta!
Não
sei ser como tu… Somente sei ser teu amigo…
Hoje
senti amor… Há muito que não me falavam… Já não me olhavam…
E
tu… Tu poeta… Apertaste-me a mão!
Sou
sim… Este pobre, que se sente rico por ser teu amigo.
Vales
pela amizade, como vale o amor de um naco de pão
Sou
sim a continuidade da minha aventura… Obrigado poeta, por me olhares… Sou sim…
Como
tu… Humano!
Dedico
este poema:
Aos
meus amigos, a quem a sorte não sorriu.
Têm
o meu abraço, a minha amizade… Todo o meu amor…
Sou
sim… A impotência…
José
Alberto Sá
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