O
meu barquinho…
Sentia
o meu próprio sorriso…
Na
solidão é ele que sinto, se é contigo que estou de alma e coração.
Contigo
na melodia do rio que passa, onde a corrente me leva numa viagem de sonho.
O
sonho que acordado me faz sorrir, flutuando nas águas límpidas de um pensamento
meu… Pois meu é o pensamento de ti.
E
tu estavas ali, naquele barquinho de papel.
…
Fizera-o
de uma folha de rascunho, de um poema incompleto e difícil de continuar…
Pois
continuar seria navegar em rios de palavras sem som… O som vazio que o meu
sorriso abafa.
A
solidão me faz sorrir de vontade, uma vontade sem vontade de continuar.
…
Rasgar
a folha de um poema de amor incompleto, fazê-la voar pela brisa, vendo-a agachar-se
por entre as ervas daninhas…
E
mais tarde… Mais tarde… Por te estar a sentir, fazer de ti um barquinho de
papel…
…
E
nesse papel te imagino navegar, num sorriso em direcção a mim… Um braço no ar… E
me acenar…
Por
isso sorri…
Senti
o meu próprio sorriso, nas águas onde tu navegas…
…
Na
minha solidão, vejo-te correr rio abaixo… Olhar e acenar… Não vás… Não vás… Meu
barquinho de papel!
Quero
ficar contigo na melódica canção do rio e seguir-te com o olhar… Até te ver
diluir e desaparecer na cachoeira…
Corro…
Corro… Quero ver o meu barquinho de papel…
…
Não
o vi… Não mais o vi…
A
cachoeira da vida e do sonho o levou… Espero-te… A ti
Novamente
senti a brisa e o meu sorriso…
E
quando olhava mais uma vez na procura do meu barquinho…
Vi-te
acenar, estavas nas profundas águas do meu olhar… Uma lágrima caiu… Acenaste-me…
Senti no meu próprio sorriso…
Estavas
comigo de alma e coração… Por isso continuo contigo… Contigo em amor… Não vás…
Não vás barquinho de papel! É em ti que vejo quem não vejo…
Um
sorriso aos que sentem a ausência de quem amam.
Façam
um barquinho e façam-no navegar…
Com
certeza sentirão uma brisa sair das águas do vosso rio de amor… O amor vos fará
sorrir.
José
Alberto Sá
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