No fim de algo que me leva
Sinto os pés molhados
Chove
Sou o mendigo do amor
Que de olhos vendados
Tem um coração que se comove
Serro as pálpebras para
pensar
Perco-me de pés na água, num
riacho poluído
Chove
Sinto a chuva nas costas
deslizar
Sinto o peso do meu pensar
A prova dos nove
Nas contas de um amor sofrido
Tenho os pés brancos pelo
frio
Os olhos serrados
E penso
Penso em tudo, mas tudo é
vazio
E chove
Chove num corpo que treme…
Num pio
Canta a ave agoirenta
É nove
É noventa
É tudo ou nada
Pés na água e mente cansada
Penso… Penso em ti devagar
Tão devagar que sinto a brisa
O frio que vem para me levar
O gelo já não sente a camisa
E os olhos vendados pelo amor
Sabem de cor
As cores da água cristalina
Incolor
Poluída pela dor
Assim me sinto na despedida
Pés que já não servem para
caminhar
Já não me levanto
Meu pensar
É vago… Quase inexistente
Perdido sem saber
Saber se já sou gente
Que possa sorrir e os olhos
Abrir
Neste corpo nu
Espero que me respondas…
…Tu
José Alberto Sá
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