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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

O resto deste... Outro aí vem

O resto deste… Outro aí vem

Para trás fica o tempo e a saudade daqueles momentos que não aproveitei.
Não é saudade das estradas que se rasgaram em conversas de rua…
É das interrogações às quais não obtive resposta… Tenho consciência da carga sádica de algumas palavras, onde se notou a mistura de vontades.
O erotismo é fogo-de-artifício que rasga o céu… Sonhos de fogo que explodem de um corpo igual ao meu…
Tantas vezes cruzei as pernas para conter o quente interior, por querer algo mais… Sem dúvida que para trás fica o tempo, aquele tempo que não mostras-te nem vieste… O recusar da hipótese do meu existir.
Olho em frente, deixando para trás o que tantas vezes apalpei… Respirei… Esmaguei no meu coração… Sempre a interrogação, sem resposta.
Para trás fica o tempo e o desafio que atirei sobre a luz de alguém… O meu olhar… Para trás fica o resto daquela parte que não quero levar…
Na frente o dia sorri, como se fosse uma contemplação feminina… Amo essa parte que não se desprega de mim…
Para trás fica o que na frente não levo, o caminho é o erguer da cortina, onde tatuarei imensas interrogações, na esperança de uma resposta, mesmo que vaga, mas tatuada em mim.
Para trás deixarei o copular da saudade, levarei o órgão genital a sentir o tempo que aí vem… Eu sou da espécie humana, dotado desta natureza que luta numa frente anatómica… Sou moderno…
Para trás deixo o que meu coração memorizou… Elogio a memória deste meu ser, elogio as entranhas que me respeitam… Não levo agonia… Quero carne viva, que saiba responder… As interrogações serão bordel em momentos que quero viver completamente e com urgência… Para trás fica… Eu vou se me levarem até aí...


José Alberto Sá

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Perdido na Íris

Perdido na íris

Pelo brilho dos teus olhos
Eu me vergo
Rastejo até sentir o calor
O amor… Da tua íris

Eu me perco nesse olhar
Eu me perco na procura
Desse arreliante, brilho
Esse raio de luz que me fura
Esse emaranhado de dor que trilho
Para te conseguir olhar… E amar

Amar essa claridade
Que perfura a ausência de ti
Olhos de branco neve
De branco sentir, o branco que vi

Esses…

Que amei tão leve
Que me vergo de coração
Aos olhos de um dia
Que para sempre…
A minha perdição


José Alberto Sá

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Somente quero

Somente quero

Não quero saber
O motivo sofredor… Porque não te tenho
Não quero saber
Se o mundo contigo é longe,
ou de onde eu venho

Não quero saber

Se a luz vem do sofrer
Se o mundo não é colorido
Não quero saber
Se o amor é sofrido

Somente a ti quero
Quero-te ter
Seres os olhos do meu nascer
Seres a fonte do meu coração
Seres a paz num lugar qualquer
Somente quero um sim, no lugar de um não

Não quero saber
Não quero saber

Porque não te beijo
Não quero saber
Se é esse teu desejo
Somente quero
Abraçar
Não quero saber… Quero abraçar

Abraçar quem ama
Quem sabe
Quem diz
Quem chama

Quem se sente raiz
Quem une
Quem pune
Quem Grita
Quem acredita

Que eu… Não quero saber
Por somente querer…
O que quero ser
… Eu
… Dentro de ti, do teu apetecer

Este é o meu manifesto
Não quero saber… Da vida
Se não te tenho em todo o resto…
Se eu presto?
Não quero saber… Diz-me tu…


José Alberto Sá

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Flutuante

Flutuante

Flutua amor, és vento que sopra pelas narinas deste ser… Amo sentir-te em aromas e essências especiais… Tu és especial.
Flutua como se fosses o bote que navega na minha banheira, diverte-te… Eu sou diversão… De qualquer maneira…
Solta as amarras dessa vela e retira de ti a capa que esconde a nudez… Flutua comigo só mais uma vez.
Deixa-te levar nas ondas deste corpo e sente a âncora espetar fundo… sente como eu, nas areias de um corpo que amo imaginar… Meu amor… Meu mar de amar… Tu.
Revela-te no banho onde as ondas se misturam comigo, sente a turbulência do mastro ao sentir o vento que sopra… Uma voz doce que sabe beijar… Tua boca… Minha boca… Mesmo mar.
Na minha banheira, sente o navio pirata que se aproxima… Por baixo… Por cima… Na espuma, na sensação pura, leve, soberba… Pluma.
Flutua nas palavras que escrevo e garante a tua presença, a tua poderosa viagem flutuante… Onde te sentes e eu sinto completamente a infinita coragem… Flutuar contigo…
Flutua nesta aventura… O prazer é durante e depois do acontecer… É eternamente um bote que navega na minha banheira, que vive de olhos para amar neste mundo de amor, que não me abandona…
Teu querer… Meu querer, comigo na banheira, num bote à deriva… Comigo a flutuar… Sentindo-me à tona…
Amar… Amar… Amar…


José Alberto Sá

sábado, 13 de dezembro de 2014

Meu cérebro pertence-te

Meu cérebro pertence-te

Sozinho tento ser líder, ser dinâmico, ser inovador… Mas sozinho!
Sozinho tento pelo menos aplicar o meu crescimento… E crescer para levar o olhar a falar em cores, as mais belas…
As cores nascem sempre do mais simples… E simples é crescer mesmo que sozinho, mas colorido!
Costumo dizer que sou descendente de um fluido, que um dia foi prazer… Prazer e sensação… Uma sensação carregada de cores… Paletas de gemidos.
E sozinho sinto a eloquência de um sonho feito de um corpo… O meu…
O teu é a intensa simplicidade que me faz sonhar, pelas curvas de um delirante corpo… Onde nas cores da minha íris escrevo… Amo-te.
Amo-te tanto que sozinho posso gritar à vontade… Não saberás que é para ti que grito… Que chamo… Que imploro… Que me faço traste deste chão… Sozinho, sou teu…
Sozinho lembro o centro da mesa, as flores que murchas já foram belas um dia… E tu és a flor murcha que mesmo assim quero amar… Vem amor… Estou sozinho! Te regarei e serás linda de pétalas doces.
Eu disse murcha, murcha porque não te tenho… És infinitamente bela.
Sozinho, eu bebo… Me embriago, não pelo prazer do álcool, mas pelo imaginar da rolha… Amo abrir a garrafa… Libertar a essência do vinho… Imaginar que te liberto para mim… Aromas…
Sentir a rolha saltar, pular fora do sítio… Aquele lugar onde não sabemos onde… Sozinho sempre te espero, num lugar qualquer…
Hoje sozinho tento ser líder… Só o serei se me deres força… Pois sozinho, nada sou…
E contigo meu amor… Eu vou… Vou e sou o líder do vazio de hoje… Te espero…
Meu cérebro te pertence… És o resto do nada que sou e nada sou sem ti.
Sozinho… Não sei viver… Vem… Quero ser líder do teu amor…


José Alberto Sá

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Tango Espelhado

Tango espelhado

Defronte do espelho eu danço… Eu me procuro… Sou tango…
E o brilho cega-me para lá do vidro, a luz que imagino tua e te espelha na minha dança.
Sou bailarino no sonho, dimensão carregada de perfumes entre pernas, entre o teu e o meu levar. Sou a visão correcta de um espelho perfeito, que serve para quebrar a monotonia… E danço contigo… Na pura essência, no amor… Na magia…
É tango…
É tango nele reflectido e a visão é um corpo feito de luz… O teu…
A música continua…
Que inveja tenho do teu perfeito sorriso… Do teu impetuoso olhar… Do teu falar doce e meigo…
E eu danço…
Nada consigo para além de te sentir… Te sentir no nada que vejo…
Na dança, o teu sorriso carrega-me de humidade, mel que se dilui na língua… Essa língua que se esconde na boca, nesses lábios vermelhos e belos… Que me fogem por entre a névoa do espelho…
Quero dançar… Parar nunca… Quero completamente amar através de um espelho baço… Fosco… Mas que me alimenta esta vontade… Te ver… Entre estes meus braços, abraçar-te e rodopiar… Mais uma volta… Mais uma… És leve, és doce… És espuma… Sempre.
Sempre em cada segundo…Tu és cada segundo na minha dança…
É tango…
Um tango que não vai parar de tocar… Dançar, sempre a dançar…
Sozinho… Contigo em meu sonho espelhado…
Dança é tango…


José Alberto Sá

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Fonte do meu olhar

Fonte do meu olhar

Lágrimas do meu canto… São preocupação, de um olhar, de um sentimento e um coração.
Já não estou preocupado…
As raízes que deambulam pelas entranhas da terra, já conseguem respirar, rasgaram o ventre de cor canela e se soltaram em gritos pela janela… Estou livre! Eu sinto! Eu já sei sorrir! Eu sei a suavidade da brisa, uma sensação sem camisa… Nudez paralela ao amor…
Porque o amor é sentir o corpo da raiz ao topo do céu.

Já não estou preocupado…

Meu tronco cresceu e cresceu pela verdade da vida, mesmo que por vezes uma verdade sofrida… Mas que na luta… Venceu!
Já não estou preocupado…
Os homens já são fortes, os que são folhas verdes, os que carregam esperança, os que acreditam que existe sempre uma flor a nascer…
Já não estou preocupado…
Na lágrima sinto o cheiro da costa, o mar que me enaltece em poemas de maresia, cheiro a sal, aromas de um belo abraçar.

Já não estou preocupado…

Nasci homem das entranhas da terra… Amo a paz e não a guerra…
Já não estou preocupado… Comigo!
Nem contigo! Tu que vives na mesma verdade que eu…
Tu que tal como eu, sentes as entranhas da terra e os anjos no céu…
Somente choro… Na preocupação dos que dizem ser e não são!
Das crianças indefesas… Dos homens incompletos, que não aproveitam a beleza do mundo… Das mulheres que nasceram para serem amadas e não o são…
É deste mundo pobre e podre que me importo…
Porque já não me importo comigo!
Sorrio em lágrimas pelo canto, a fonte do meu olhar…

Já não estou preocupado… Comigo… Vós sois a preocupação…
Um olhar sincero de um coração…


José Alberto Sá

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Tenho dias...

Tenho dias…

Tenho dias…
Eu tenho dias em que tudo é nada e nada é algo que não sei…
Tenho dias assim, nem sei, nem faço, nem dou, nem tenho…
Mas tenho dias assim.
Me sinto réplica de um tempo, que quer, que quer chorar, que quer sorrir, correr, saltar… Por vezes tenho tempo… Muito tempo.
E nesse tempo… Tenho dias… Que sou matéria deste mundo, deste que me acolheu, por vezes sem luz, outras iluminado, umas vezes sem chão… Outras sem colo…
O colo é a ausência, onde a minha mente recua e encontra a excelência, o processar de mimos que me levaram ao encontro de um peito… Por vezes um beijo… Um pescoço humedecido... Um deslizar por ali… Tenho dias…
Tantos dias… Que por vezes nem o tempo me lembra desse quente sentir.
Tenho dias que choro… Ela nem dá por isso, sei porque a sinto impermeável.
Tenho dias que somente sei sorrir… Ela nem dá por isso, porque a sinto resistente ao flutuar.
Chamo-lhe privilegiada… Chamo porque sei, porque quero que seja ela, o concretizar do meu avanço… Se alcanço? Não sei!
Sei que tenho dias assim…
Tenho dias que desejo a possibilidade… Noutros dias a verdade me cativa… E ainda outros sem alternativa… Porque a alternativa é ela.
Ela que tal como eu tem dias… Imagino que sim, que tenha tal como eu, dias assim…
Eu tenho dias assim…


José Alberto Sá

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Sofro o momento

Sofro o momento

Não é por não me falares, que o sol não vai nascer.
A luz é voz da razão, os olhos a voz do amanhecer.
Não é nos comuns desejos que o meu cheiro não te alcança, é justo o amor com beijos, nos abraços que a vontade se faz na lembrança.
Por mim aprovo o teu ceder, por mim será anoitecer, a luz da lua se veste de preto, se ao sol, eu já nada prometo.
Não é de vós a compreensão, é sim de mim a exaustão… O tempo que passa sem nada acontecer, é vazio sem luz do meu sofrer.
E tu… És a doce do amor, talvez eu… Um malfeitor
Não é por não te querer… Não é por não acontecer… É porque o altar é longe do nosso prazer…
Eu sou o dardo que voa, com vontade de alcançar… Tu és o jardim onde me quero espetar.
Mas…
O mundo se deitou de costas para nós… O mundo se despiu de tudo… O mundo se ausentou do corpo… E a voz… Se calou, se fez mudo o amor… Como se tudo fosse um sopro…
Não é por não me falares, que os olhos de inundarão é sim um apertado sentir… Um corpo a ruir… Ardendo pelo coração…
Não é… Mas foi assim…
Não é… Mas queres um fim…
Não é por ti… Mas é por mim…


José Alberto Sá